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Mostrando postagens de março 15, 2009
Selecionei dois trechos o 1º de Manuel de Barros e o 2º de Drummond leiam e percebam a sutileza desses dois "fraseadores" Hoje eu completei oitenta e cinco anos. O poeta nasceu treze. Naquela ocasião escrevi uma carta aos meus pais, que moravam na fazenda, contando que eu já decidira o que queria ser do meu futuro. Que eu não queria ser doutor. Nem doutor de curar nem doutor de fazer casa nem doutor de medir terras. Qu eu queria ser fraseador. Meu pai ficou meio vago, depois de ler a carta. Minha mãe inclinou a cabeça. Eu queria ser fraseador e não doutor. Então, o meu irmão mais velho perguntou: Mas esse tal de fraseador bota mantimento em casa? Eu não queria ser doutor, eu só queria ser fraseador. Meu irmão insistiu: Mas fraseador bota mantimento em casa, nós temos que botar uma enxada na mão desse menino pra ele deixar de variar. A mãe baixou a cabeça um pouco mais. O pai continuou meio vago. Mas não Botou enxada. Manuel de Barros. Memórias inventadas: a infância. São Paul